Protesto na Marcha pra Jesus em BH

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Do blog Ponto Crítico, do Mariel Marra
Aproximadamente 20 mil pessoas participaram neste sábado, 8/10/2011 da Marcha para Jesus, realizada na Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte, a qual iniciou em frente a Câmara Municipal de Belo Horizonte, na Av. dos Andradas, às 9h. Após a caminhada, o palco da Praça da Estação recebeu cerca de 15 shows, dentre as bandas participantes estavam Oficina G3, Pregador Luo, Fernandinho, Irmão Lázaro e Renascer Praise.
A Marcha pra Jesus já acontece em mais de 170 países organizado por igrejas evangélicas. Em Belo Horizonte obrigou a BHTrans a alterar o trânsito no entorno do evento até às 23 h. Contudo, a Marcha 2011 foi também marcada por protestos pacíficos, os quais exortavam os participantes para o retorno ao “Evangelho Puro e Simples“.
Pr. Gustavo Bessa e Mariel Marra
Na ocasião estive conversando amistosamente sobre o Evangelho Puro e Simples com o Pr. Gustavo Bessa, casado com Ana Paula Valadão Bessa.
De uma forma provocativa, mas não menos inteligente e respeitosa, o Pr. Gustavo, o qual também é teólogo, ele me questionava sobre o que seria este Evangelho Puro e Simples, já que em sua opinião, não há como fugirmos das diversas interpretações que fazemos do Evangelho, de forma que aquilo que estavamos chamando ali de “Puro e Simples”, poderia não ser “Puro e Simples” para outras pessoas.
Naturalmente, o Pr. Gustavo nos propõe uma questão típica da pós-modernidade, em que tudo se apresenta como relativo e dependente do ponto de vista particular do observador/interprete.
Aproveito este diálogo particular para propor uma reflexão ampla sobre o tema, visto que, particularmente e com todo respeito ao Pr. Gustavo, considero tal posição extremamente perigosa para a Igreja, posto que ao final desse caminho pantanoso e escorregadio, fruto de uma hermeneutica neoliberal, nós chegaremos a conclusão de que não existe uma Verdade a ser conhecida pelo leitor bíblico, visto que para nós hoje é impossível alcançar o sentido original de um texto bíblico.
Considero como totalmente inadequada esta idéia de que é possível apenas explorar uma pretensa “reserva de sentidos” no texto da Bíblia, os quais dependem das circunstâncias (sócio-culturais) que se encontra o interprete.
Observo que o pluralismo religioso da pós-modernidade e o presente desejo imaturo de Unidade no Corpo de Cristo, tudo isso tem levado a rejeição do conceito de verdade eterna e imutável e a aceitação irresponsável de que é impossível alcançarmos uma interpretação correta de um texto bíblico, reduzindo tudo a uma questão de opinião.
É sabido que a hermenêutica reformada reconhece a necessidade de aplicarmos o texto bíblico às diversas situações em que nos encontramos, contudo vê essas aplicações não como “sentidos” múltiplos de um mesmo texto, mas sim como a significação e aplicação do sentido único de um texto para as diversas situações da vida.
Desta forma, o Puro e Simples que estamos clamando, não se trata de um conceito particular, mas sim universal e perfeitamente alcançável pelo exercício hermeneutico dos textos bíblicos, que por sua vez segue a princípios de interpretação bastante claros e que não se restringem a Teologia, mas também são utilizados em tantas outras ciências humanas.
Nós temos sim a possibilidade de conhecer o sentido original, puro e simples das Escrituras conforme pretendido por Deus e aproveito para trazer a memória um trecho da velha, nobre, mas também bastante desconhecida, Confissão de Fé de Westminster: “Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para a sua própria glória e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela” . Referências bíblicas: 2Tm 3.15-17; Gl 1.8; 2Ts 2.2; Jo 6.45; 1Co 2.9, 10, l2; 1Co 11.13,14.
Além disso, fazendo alusão ao que Paulo diz aos Gálatas (Gl 1:6-10), Lutero também disse “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”
Portanto, pergunto retóricamente, se o Evangelho Puro e Simples do qual falamos, não passa mesmo de uma visão particularizada do interprete bíblico.
Se é assim, então pergunto pelo Evangelho que inicialmente Paulo e posteriormente Lutero estabeleceram como parâmetro para os Cristãos, a fim de que fosse possível discernirem aquilo que era maldito daquilo que era bendito.
Seria também este Evangelho de Paulo uma visão temporal, a qual deve ceder aos apelos do pluralismo hodierno, aceitando agora a idéia de que todos estão com a verdade em suas interpretações, para assim promovermos a Unidade do Corpo de Cristo?
Inclusive, aproveito para também questionar a todos que estão lendo este texto… a que preço estamos buscando a Unidade da Igreja?
Seria válido alcançar a Unidade sacrificando no altar da ignorância todos os nossos parâmetros absolutos, reduzindo tudo a uma mera questão de opinião relativa?
Acaso o Evangelho Puro e Simples de Jesus é isso? Apenas um conceito e opinião particular de seus discípulos? Além disso, será que todas as opiniões e interpretações que fazem do Evangelho possuem fundamento de validade? Será que todos aqueles que atualmente falam em nome de Deus e pregam o evangelho estão com a razão?
Para todas essas perguntas, eu acredito que a resposta seja não! Portanto não creio que haja comunhão entre a Igreja e aqueles que se prostituem com Mamon, ainda que tal prostituição seja regada de boas intenções em nome do Evangelho, visto que ninguém pode agradar a dois Senhores de natureza tão distinta.
Ultimamente sob o pretexto de “ganhar almas” muitas coisas que não se enquadram nas escrituras e que NÃO são do Evangelho tornaram-se aceitáveis no meio gospel. Até mesmo receber R$50 milhões a título de direitos autorais de louvores a Deus, os quais de Deus foram recebidos de Graça!
Por isso, mais uma vez digo em voz profética, ai dos que chamam de mau aquilo que é bom e que chamam de bom aquilo que é mau; que fazem a luz virar escuridão e a escuridão virar luz; que fazem o amargo ficar doce e o que é doce ficar amargo!
Conheça a verdade e ela te libertará! Esta verdade, da qual falou Jesus, ela pode sim ser plenamente conhecida, sendo que este é o Evangelho Puro e Simples! Não é apenas questão de opinião particular, mas algo que espiritualmente todos discernem e sabem exatamente o que é, mas poucos são aqueles que realmente querem aceita-lo e viver por ele.
O Evangelho puro e simples é comparável a água… quanto menos cor, gosto e cheiro tiver, mais puro será! Irônicamente e paradoxalmente, aquilo que é essencial ao Evangelho e a saúde espiritual do cristão, é exatamente isso que alguns querem tirar, sendo que cada um tenta apresentar seu “evangelho” com uma cor, um gosto e um cheiro diferente!
Oh insuportável simplicidade! Ainda hoje rejeitam o maná preferindo os temperos do Egito!
Belo Horizonte, 12/10/2011
Mariel M. Marra

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