AMIZADE COM O MUNDO‏

Olha, nada é por acaso. Acabei trabalhando neste final de semana e uma passagem conhecida em Tiago 4.4 me vinha bastante à cabeça: "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus".
Em João 3.16 fala que Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu único Filho para ser sacrificado por ele para que ninguém se perca, mas todos tenham a vida eterna. Pois bem, se Deus amou tanto o mundo, por que quem se faz amigo com tal mundo torna-se inimigo do Senhor?
Observando o atual panorama evangélico, inevitavelmente vejo o cumprimento das profecias de Jesus (o amor de muitos se esfriará - Mt 24.12) e Paulo (apostasia dos últimos tempos - 2Ts 2.3), dá uma boa pista sobre os efeitos da amizade com este mundo que jaz no maligno (1Jo 5.19). A amizade do mundo é flertar por meio da cobiça aquilo que alimenta o ego - a dita carne. A amizade do mundo é o ridículo de coroar-se com os louros do poder, aplausos, status, hedonismos. A amizade do mundo insufla como gás hélio a bexiga do coração, o balão da mente. Como o ditado popular: "rei morto, rei posto". No lugar de um rei, levante-se outro. O trono da alma humana construído para ser assentado por Deus é ocupado pelo "eu" do próprio homem. A amizade do mundo é exatamente como a extrema insanidade do aclamado Friedrich Nietzsche, que propôs a morte de Deus. Tudo para "fazeres o que tu queres".
Os amigos do mundo querem matar Deus de suas vidas. Se Deus é amor (1 Jo 4.8e16), logo, o mundo mata o autêntico amor do coração humano. Incólumes, tantos ignoram mendigos, bêbados jogados na rua, meninos em situação de risco. Presidiários definham em condições sub-humanas em cadeias, que se tornaram academias do crime, com upgrade para a bandidagem. Denominações que afirmam seguirem a Jesus servem a um sistema religioso estúpido, vendendo ilusões, formando pretensos "santos" por vestirem roupas conforme manda o paradigma evangélico, por frequentarem assiduamente cultos, por darem dízimos e participarem de intermináveis campanhas. Tais pretensos servos de Deus, como fariseus, tratam homossexuais, prostitutas e espíritas como leprosos e católicos como samaritanos.
Eis alguns dos sintomas da amizade com o mundo. Um mundo que jaz, morre, perece dia a dia no maligno. Porém, Deus amou este mundo. Enviou Jesus para cumprir a salvação deste mundo, que será transformado um dia. O maligno, aquilo que não presta e que impregna a Terra, um dia desaparecerá. Portanto, a amizade com o mundo é como uma ciranda em um precipício, com consequências que podem ser irreparáveis.
A amizade do mundo é "nietzscheriana", pois mata Deus. Quiseram matar Jesus. Mas, o Senhor não foi assassinado. Deu Sua vida e a reaveu. Não há mundo que mate o nosso Senhor. Não há vaso que se levante por si só e mate seu oleiro criador. Todavia, a amizade do mundo mata Deus no interior do homem. A amizade do mundo mata a própria alma do homem, cada vez mais oco de si e do próximo. Quantos evangélicos e ditos cristãos estão vazios de si de de seus semelhantes, enquanto espíritas e católicos como o samaritano socorre o aflito? Não quero incorrer em discussões teológicas. Porém, um debate sobre caráter seria bastante oportuno.
O amor a Deus é como a história de Zaqueu. Um publicano, por este simples fato, odiado por fariseus. Certamente, um cobrador de impostos que levou inúmeras propinas. Um marginal aos olhos dos santarrões da época, que manjavam das Escrituras, digamos os crentes do Judaísmo - sim, os fariseus. Zaqueu, um homem pequeno. Uma alma pequena. Uma honra pequena. Um status pequeno. Uma carência imensa, imensurável de Deus. Zaqueu sabe que Jesus passará onde está. Zaqueu precisa subir a uma árvore. Um sicômoro, uma espécie de figueira brava - uma figueira "sem pedigree" assim como Zaqueu. Sua pequenez não lhe permitia vê-lo. Zaqueu tem de subir.
Zaqueu quis ver Jesus. Jesus vê Zaqueu. O povo viu Jesus Se convidando para pousar na casa de Zaqueu. Os fariseus não se conformam. Os fariseus não enxergam misericórdia. Os fariseus não enxergam o amor a Deus, mas são amigos do mundo, da religião.
O Evangelho de Lucas não narra nenhum diálogo durante aquele dia, exceto uma peculiar conclusão. Sem que Jesus dissesse nada, Zaqueu diz que mudaria. Acertaria o que devia. Restituiria o que roubou. Zaqueu soube quem foi, quem era e o que queria ser. Quando se conscientizou do amor de Jesus, quando recebeu o Senhor em sua casa e em seu coração, Zaqueu largou o amor ao mundo. Zaqueu amou a Jesus. Quando Zaqueu amou a Jesus, sua primeira decisão foi repartir. Sim, ele repartiu metade de seus bens aos pobres (Lc 19.8). Quem ama a Cristo não ajunta para si. Quem ama a Jesus reparte com o próximo. Ser parecido com Cristo é isto: repartir o que tem, não se apegar e juntar para si.
Amigos, pergunto a vós outros, há quanto tempo temos ouvido pregações deste tipo em tidas igrejas evangélicas? O espírito "nietzscheriano" (por quê não luciferiano?) impregna a maldade no mundo e a morte de Deus no interior do homem. Fazer o que bem entender é dar vazão ao deus EU - o eu humano, a carne tão citada nas Escrituras. Oras, quando Israel pediu um rei, o povo estava rejeitando o Senhor como seu soberano e queriam governarem-se a si mesmo. O que aconteceu em seguida vemos no Antigo Testamento: apostasia, idolatrias, prostituições, roubos, assassinatos, invasões de povos estrangeiros, cativeiro dos assírios, cativeiro dos babilônios.
O fim está perto. Jesus está às portas. A hora de estar diante do Tribunal de Deus não tardará. Cada um será avaliado por suas amizades. Não sabiam? As amizades dizem muito a nosso respeito. Como dizia na Grécia Antiga: "diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és". Qual é a amizade? Amizade com o mundo ou a amizade com Deus?
Como Zaqueu, eu quero subir o mais alto que eu puder, só para ver, olhar para o Senhor. Ele me verá. Entrará em minha casa. Mas, e depois? Farei como Zaqueu, repartindo o que tenho com os necessitados? Ou continuarei no cotidiano de amizades mundanas?
O que você decide?

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